Os dias vão passando sem que eu me aperceba muito. Na minha cabeça ficámos em 2008. 2008 foi o nosso ano. Era aquela altura em que eu pensava, fazia uma cara e tu percebias, sem ter de dizer uma palavra. Crescemos para nos separar. Lentamente, como quem não quer a coisa, mas a coisa vai acontecendo. Foi assim. Da cumplicidade que nos unia pouco resta, daquilo que vivemos os dois pouco consigo recordar. São sempre as más memórias que me assolam espírito e mente, de dia e de noite. Viver "sem" ti é fodido. É o querer partilhar e não poder; é o querer sorrir e não deixar que os músculos o façam; é o querer mandar mensagens quando alguma coisa me faz lembrar de ti ou de nós e a cabeça - ou a esperteza - não deixam. É ter esta carta nos rascunhos há meses e não conseguir escrever o teu e-mail para ta enviar. Logo a ti, a quem eu sempre disse tudo, sem pudores. Conheces-me bem, topas-me à légua e essa, essa é uma das coisas que mais gosto em ti. Tenho saudades de quando ainda éramos um "nós", nós que nunca chegámos a sê-lo, eu que nunca tive a oportunidade para te fazer feliz. À séria. Tenho saudades de quando essa hipótese ainda era viável, normalmente às 4 da manhã, de copo na mão, felicidade típica de quem está onde quer estar, com quem quer estar. Tudo era possível aí. Sorriso aqui, beijo-de-fogo ali. Tudo era possível. Foram meses um bocado intensos. Aliás, anos. Anos intensos. E se soubesse o que sei hoje, tinha feito tudo diferente. E talvez olhasses para mim de forma diferente.
2011? Não passaram os anos. 2009 não aconteceu, 2010 foi um explodir de tudo na minha vida, tu sem seres a excepção à regra. Esta é a carta que nunca te escrevi e que te explica o que eu sou hoje. Sem ti. Esta é a carta onde ponho as cartas na mesa, onde te explico o que é que se passa comigo. Sem medos e sem pudores - já não há muito a perder a esta altura do campeonato. A paixão já não existe, ficou o amor da amizade. Mas ainda ficou aquela sensação de que és o "homem ideal", a sensação de que reúnes todas aquelas características que adoro nas pessoas em geral e que, em ti, fazem todo o sentido. Para mim, eu e tu fazemos sentido. Juntos, nunca assim. Se calhar contigo cometi o maior erro da minha vida mas arriscar sempre fez parte de mim, da minha personalidade, daquilo que me transformei como pessoa. Não me culpes por querer arriscar. Ou culpa-me, mas aí também te culpo. Por aqui e ali não teres seguido o teu instinto. Por fazeres o que achavas que era melhor para nós dois. Ou para ti, porque, aparentemente, o melhor para ti sempre foi manteres-te longe de mim, longe do que eu podia ser ou do que eu me poderia tornar. Apostei tudo em ti. Apostei-me. Agora, aparentemente anos depois, vamos ver quanto perdi.
Esta é a carta que eu nunca te escrevi.
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